Escrito por Ligia Lotério
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Michael Kraus/Shutterstock
O implante contraceptivo é um método anticoncepcional ideal para quem não gosta da responsabilidade de lembrar-se de tomar a pílula diariamente. Mais eficaz que outros contraceptivos populares, como dispositivo intra-uterino (DIU), laqueadura e vasectomia, ele tem longa duração e possui efeitos colaterais reduzidos.
O que é implanon?
O ginecologista Élvio Floresti explica que o implante subdérmico é um método contraceptivo feminino que consiste em um pequeno bastão de 4 cm de comprimento que, implantado no braço, libera o hormônio etonogestrel, um derivado da progesterona.
É chamado popularmente como “implanon”, que é de uma das marcas mais conhecidas do produto.
Tipos de implanon
Implanon de primeira geração
É o implanon clássico. Não pode ser visto via raios-X, o que dificulta um pouco sua retirada caso o dispositivo saia do lugar. Possui um aplicador simples.
Implanon NXT
Considerada a segunda geração do produto, tem o mesmo tamanho, aspecto e flexibilidade. A diferença está no novo aplicador, que facilita a colocação, e na presença de sulfato de bário, o que permite que seja visto em raios-X.
Como impede a gravidez?
Como evita a oscilação mensal dos hormônios que causa a ovulação, o implante derivado de progesterona inibe a liberação do óvulo e ainda altera o muco do colo do útero, que é um líquido espesso que o espermatozoide usa para atravessar e encontrar o óvulo, dificultando a fecundação.
Onde colocar e como é o procedimento
A colocação do implanon é feita em ambulatório ou consultório médico. Com anestesia local, o procedimento dura poucos minutos e consiste na inserção do implante na face anterior do braço, geralmente de seis a oito centímetros acima da linha do cotovelo e embaixo da pele. O dispositivo é invisível e não causa incômodo.
O dia da implantação dependerá do histórico da paciente, ou seja, se ela fez uso de outro método contraceptivo, se amamentará ou se está no pós-parto. Assim, é recomendado conversar com o ginecologista para obter orientações específicas.
Duração
Ele emite hormônio por três anos. Após esse período, é recomendada sua troca.
Apesar do prazo de validade, o médico Élvio Floresti explica que o implante contraceptivo garante proteção para até seis meses após o prazo, mas ainda assim é recomendada a troca a cada três anos.
Menstruação e Implanon
De acordo com o ginecologista, a ovulação e a menstruação são inibidas pelo hormônio, mas pode haver sangramento irregular nos primeiros dias após a colocação.
Já o endocrinologista Claudio Ambrósio, que é também professor convidado pela Universidade da Califórnia, explica que a prevenção da gravidez começa poucos dias após a implantação, porém o organismo pode levar até seis meses para se adaptar ao método. Portanto, nesse período poderá haver desregulação da menstruação.
“Após o primeiro semestre, os escapes ou sangramentos acontecem em um percentual de mulheres, sendo que outras não terão mais fluxo. Tudo dependerá da adaptação de cada pessoa. Apesar do sangramento ser variável, a eficácia do tratamento é mantida”, ressalta.
Para que serve implanon?
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O dispositivo pode ser usado por mulheres de todas as idades, tanto por quem acabou de ter a primeira menstruação, quanto por pessoas que já engravidaram.
Veja suas propriedades:
Previne gravidez: eficácia é muito alta
A eficácia do implanon é muito alta e começa poucos dias após a colocação do implante. De acordo com o endócrino, “ele é o método mais eficaz do mundo, mais inclusive que a própria laqueadura de trompa”.
De acordo com a tabela de eficácia dos métodos contraceptivos criada após estudos do pesquisador James Trussel, da Universidade norte-americana de Princeton, em um ano de uso, estima-se que ocorram apenas 5 gestações indesejadas a cada 10 mil mulheres que usam implante subdérmico.
Já nos casos de laqueadura esse índice vai de 5 gravidez a cada mil indivíduos. Com a vasectomia, são 1,5 gestações a cada mil homens que se submeteram ao procedimento.
Para quem não quer menstruar
Quem sofre com um fluxo muito intenso pode se beneficiar com o implante, já que ele reduz e até interrompe a menstruação, deixando a mulher livre dos absorventes por três anos.
Melhora TPM
De acordo com o endocrinologista Claudio Ambrósio, os efeitos dos hormônios sobre a menstruação eliminam os sintomas de tensão pré-menstrual (TPM) e amenizam cólicas.
Para quem esquece a pílula
Livrar-se da preocupação de tomar o anticoncepcional oral diariamente é uma das grandes vantagens do implanon, já que o implante tem aplicação única e dura até três anos.
Para quem não pode tomar estrogênio
Mulheres fumantes, com mais de 35 anos, com enxaqueca ou maior risco de trombose devem evitar métodos que usem o hormônio estrogênio, presente em alguns tipos de pílulas, pois ele aumenta o risco de acometimentos cardiovasculares.
Nestes casos, é possível recorrer às minipílulas, ao DIU ou aos implantes subdérmicos, que contém apenas o hormônio progesterona, não elevando a incidência de doenças cardiovasculares.
Não causa vômito e enjoo
O endocrinologista explica que o chip contraceptivo não afeta parte gástrica e hepática por não ter contato com ela. Com isso, não surgem enjoo e vômito, que são efeitos colaterais inerentes às pílulas orais.
Amamentação: pode usar durante?
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Ambos os médicos consultados para esta matéria defendem que o implanon não causa riscos a lactantes pois não altera o leite ou afeta o bebê.
A bula do produto defende a mesma coisa, mas acrescenta que pequenas quantidades do hormônio podem chegar ao leite. No entanto, nenhuma das quase 40 crianças acompanhadas até os 36 meses pelos testes do fármaco, cujas mães usaram o implante, tiveram quaisquer reações.